Crônica 31
Vamos abordar algumas características dos objetivos. Primeiro, eles têm que ser realistas, isto é, realizáveis. Você não pode ter como objetivo ser bailarina profissional aos quarenta anos, pois o seu corpo já passou do tempo para este tipo de atividade. Isto só acarretaria tristeza e frustração. Logo um objetivo é algo que você pode conseguir.
Em segundo lugar, se para se alcançar um objetivo, você precisa esperar alguns anos, pense em dividi-lo em etapas, caso contrário, há o risco de você desistir, porque você não terá paciência e perseverança para agir durante tanto tempo, sem ver resultado.
Depois verifique se o objetivo é específico e mensurável. Se o seu objetivo é ter bem-estar ou felicidade, como saber se o atingiu? Mas se for perder dez quilos dos seus atuais oitenta, em um determinado tempo, você tem um objetivo delimitado e capaz de ser reconhecido. Basta olhar a balança e você verá que seus esforços estão tendo êxito. E, mais magra, você certamente se sentirá melhor e mais feliz.
Por último, o objetivo tem que ser algo que dependa só de você. Se o seu objetivo for ser mãe de um engenheiro ou de um pintor, você está apenas mostrando desejo de controlar a vida alheia, e não de realizar a sua. Se for o caso de outra pessoa ter que fazer algo para concretizar o seu desejo, este desejo tem que ser dos dois, e não só de você. Lembre-se: todo objetivo prescinde da participação de outros.
Vamos a um exemplo. Suponhamos que eu queira fazer um concurso público para uma carreira fora de minha área. Logo meu objetivo é a realização financeira, e já não a profissional. O primeiro passo, então, é escolher a área, depois buscar informações a respeito das provas, frequentar um curso preparatório e estudar também em casa. Ora, todos sabemos que estes concursos são bem concorridos e que as provas são difíceis, ainda mais por serem de área diversa da nossa formação. Isto significa que os poucos que são classificados e chamados pelo governo tiveram que estudar durante anos. Em outras palavras, é um objetivo a longo prazo.
Temos aqui um propósito específico, a aprovação em um determinado concurso público, e não um desejo vago de estabilidade financeira. Agora se ele é realista ou não vai depender de várias circunstâncias: a formação, a cultura, a capacidade de aprendizagem, o material usado para estudo, os cursos, o tempo dedicado ao estudo, a perseverança...
Neste caso, convém dividir o objetivo em inúmeras etapas. No lugar de pensar que tenho que aprender toda a gramática da língua portuguesa em dois anos, penso em estudar, por exemplo, sintaxe, no primeiro semestre. E, melhor, faço um organograma do estudo e, assim, sei que a primeira semana será dedicada à concordância verbal. Quando fizer os exercícios só sobre esta matéria, será fácil avaliar meu rendimento e a realização do estudo dentro do prazo predeterminado. São as pequenas satisfações e conquistas que me manterão com disposição para levar o projeto durante os anos necessários.
Lembrem-se de que o objetivo de se preparar é um e o de passar, outro. A aprovação é a possível consequência. A propósito, muitos confundem consequência com finalidade. Ambas as idéias de fato se referem a fatos posteriores, mas são bem diferentes. O melhor advogado é aquele que teve como finalidade seguir esta carreira, e não como consequência de seu curso de Direito. Por outro lado, a maternidade e a paternidade devem ser a consequencia de um bom relacionamento a dois, e não a finalidade de um só ou mesmo do casal.
Toda consequência, sabemos, tem uma causa a seu lado, antecedendo-a. E a finalidade, ou seja, o objetivo, também tem alguma causa? Que tal, então, nos olharmos como as causas de nossas consequências, afinal estamos sempre no lugar para onde nós mesmos nos levamos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário